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Células-tronco iPS: a nova era da terapia cardíaca?

Células-tronco iPS: a nova era da terapia cardíaca?

02 de Julho de 2024 - Escrito por Yasmin Rana de Miranda

O Japão poderá ser o primeiro país do mundo a conceder aprovação governamental para uma terapia derivada de células-tronco pluripotentes induzidas (iPS) para tratar doença arterial coronariana, oferecendo uma alternativa menos invasiva a transplantes de coração e dispositivos de assistência ventricular. A tecnologia baseia-se em folhas de tecido cardíaco, desenvolvidas ao longo de décadas de pesquisa, que mostraram resultados clínicos promissores em ensaios iniciais



Em um marco histórico para a medicina regenerativa, a startup japonesa Cuorips está prestes a se tornar a primeira no mundo a buscar aprovação governamental para uma terapia derivada de células-tronco pluripotentes induzidas (do inglês, induced pluripotent stem cells - iPS). Afiliada à Universidade de Osaka, a empresa desenvolveu uma folha de tecido cardíaco usando iPS que pode ser enxertada nos corações de pacientes com doença arterial coronariana. Esta inovação promete ser uma alternativa menos invasiva aos transplantes de coração e dispositivos de assistência ventricular, revolucionando o tratamento de uma das doenças mais letais do Japão.

As iPS são células adultas reprogramadas para um estado pluripotente, o que significa que podem se diferenciar em qualquer tipo de célula do corpo. Desenvolvidas pelo cientista japonês Shinya Yamanaka, que ganhou o Prêmio Nobel em 2012 por essa descoberta, essas células oferecem um potencial imenso para a regeneração de tecidos danificados sem os mesmos problemas éticos associados às células-tronco embrionárias.

A Cuorips, fundada em 2017, desenvolveu suas folhas de tecido cardíaco a partir de décadas de pesquisa do professor Yoshiki Sawa, seu diretor de tecnologia. Usando iPS fornecidas pelo Centro de Pesquisa e Aplicação de Células iPS da Universidade de Kyoto, a startup conseguiu criar um produto que pode ser implantado no coração de forma minimamente invasiva, através de cirurgia endoscópica.

Os resultados clínicos iniciais são animadores. Em um ensaio clínico fase I, envolvendo oito pacientes, todos relataram melhorias significativas na função cardíaca, com alguns mostrando melhoras notáveis. Esta abordagem menos invasiva é um grande avanço, considerando que pacientes com doença arterial coronariana severa atualmente precisam de transplantes de coração ou dispositivos de assistência ventricular, que são procedimentos muito mais complexos e arriscados.

A solicitação da aprovação condicional ao Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão deve ser realizada ainda esse ano, com a meta de ser obtida em 2025. O Japão, que começou a conceder aprovações condicionais para tratamentos regenerativos em 2014, oferece um ambiente regulatório favorável para avanços rápidos nessa área.

Com cerca de mais de 240 milhões de pacientes com doença arterial coronariana em todo o mundo, o impacto potencial dessa terapia é enorme. Além disso, a empresa japonesa não está sozinha na corrida por terapias derivadas de iPS. Muitas outras empresas ao redor do mundo também estão fazendo avanços significativos, cada uma focada em diferentes aplicações médicas.

A jornada em busca da aprovação de tratamentos baseados em iPS ilustra o potencial transformador dessas células na medicina moderna. À medida que continuamos a acompanhar esses desenvolvimentos, fica claro que o futuro da medicina regenerativa está se desenhando agora, e ele promete ser brilhante.



Referências:


Reportagem sobre o pedido de aprovação da terapia: Japan startup to seek approval for iPS cell therapy in global first | Report.az 


Ensaio clínico fase I: https://clinicaltrials.gov/study/NCT04696328