Células-tronco na luta contra a Esclerose Múltipla: novas perspectivas e resultados encorajadores

Recentes avanços na terapia celular oferecem nova esperança no tratamento da Esclerose Múltipla, uma condição neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas globalmente. A terapia com células-tronco mesenquimais, tem se destacado devido às suas propriedades imunomoduladoras e capacidade de regeneração do tecido nervoso. Estudos clínicos têm demonstrado que essas células podem modular a resposta imune, proteger os neurônios e promover a remielinização. Um estudo recente em Israel envolvendo 48 pacientes com EM mostrou resultados promissores, com uma porcentagem significativa de pacientes tratados com células-tronco mesenquimais não apresentando evidências de atividade da doença. Esse tipo de terapia oferece uma nova esperança para controlar os sintomas e interromper a progressão da EM, representando um passo importante rumo à cura da doença.

A Esclerose Múltipla (EM) é uma condição neurodegenerativa complexa e desafiadora que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracterizada por ataques autoimunes ao sistema nervoso central, causando danos à mielina (proteção que envolve os neurônios), a EM pode levar a uma ampla gama de sintomas debilitantes, desde fadiga e fraqueza muscular até problemas de coordenação e visão. Embora ainda não haja uma cura definitiva para a EM, avanços recentes na terapia celular oferecem esperança renovada para aqueles que vivem com essa doença incapacitante.

A terapia com células-tronco tem se destacado como uma abordagem promissora para o tratamento da EM. Em particular, as células-tronco mesenquimais CTMs têm atraído a atenção dos pesquisadores devido às suas propriedades imunomoduladoras e capacidade de promover a regeneração do tecido nervoso. Estudos pré-clínicos e clínicos têm demonstrado que as CTMs podem ajudar a modular a resposta imune do corpo, proteger os neurônios contra danos e estimular a remielinização – o processo de reparo da mielina danificada nas fibras nervosas.

Durante a terapia com CTMs, o médico coleta as CTMs do paciente, de sua medula óssea, sangue ou outros tecidos. Essas células são, então, multiplicadas em laboratório e reintroduzidas em maior número em seu corpo. Em alguns casos, um cientista pode tratar essas células antes que a terapia seja concluída. Eles podem fazer isso para aumentar a capacidade das células de suprimir respostas imunes que danificam o sistema nervoso e para ajudar a promover sua capacidade de reparar a mielina.

Um estudo realizado em Israel em 2020, envolvendo 48 pacientes com EM, revelou resultados interessantes. Neste estudo de fase II, os pacientes foram randomizados em três grupos e tratados por via intratecal (IT) ou intravenosa (IV) com CTMs autólogas ou injeções simuladas (placebo). Durante o acompanhamento de 1 ano, 58,6% e 40,6% dos pacientes tratados com IT e IV, respectivamente, não apresentaram evidências de atividade da doença em comparação com 9,7% no grupo tratado com placebo, ou seja, o tratamento com CTMs foi bem tolerado na EM e induziu efeitos benéficos de curto prazo, especialmente nos pacientes com doença ativa. Esses resultados são particularmente significativos porque muitos dos pacientes incluídos no estudo tinham formas progressivas de EM, que são conhecidas por responder menos aos tratamentos convencionais.

Atualmente, ainda não há nenhum tipo de terapia com células-tronco aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) – o órgão regulatório dos EUA – nem da ANVISA, para o tratamento da EM. Então, embora os resultados até o momento sejam promissores, é importante reconhecer que essa terapia ainda está em estágios iniciais de pesquisa sendo, portanto, um tratamento experimental que pode ser acessado por meio de ensaios clínicos. São necessários estudos adicionais para entender melhor os mecanismos de ação das CTMs, determinar a dose ideal e avaliar a segurança e eficácia a longo prazo dessa abordagem.

Em última análise, a terapia celular oferece uma nova esperança para os pacientes com EM. Com mais pesquisas e avanços na área, pode ser possível não apenas controlar os sintomas da doença, mas também interromper sua progressão e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes afetados. Este é um momento crucial na jornada em direção a uma cura para a EM, e a terapia celular está na vanguarda desse progresso.

Referências:
Artigo do estudo realizado em Israel em 2020: Beneficial effects of autologous mesenchymal stem cell transplantation in active progressive multiple sclerosis | Brain | Oxford Academic

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