Estudo revela melhora nos resultados de pacientes idosos com Leucemia Mieloide Aguda após transplante de células-tronco 

Um estudo recente publicado na Clinical Cancer Research revelou avanços significativos no tratamento da leucemia mieloide aguda em pacientes idosos. A pesquisa analisou dados de mais de 7.000 pacientes submetidos a transplante de células-tronco hematopoéticas alogênicas entre os anos 2000 e 2021. Os resultados indicam que os pacientes idosos com leucemia mieloide aguda têm uma chance maior de viver livre da doença e sobreviver por mais tempo após o transplante de células-tronco. O presente artigo explora os detalhes dessas descobertas e discute o impacto potencial desses avanços na abordagem terapêutica da doença em pacientes idosos

Historicamente, pacientes com mais de 65 anos enfrentavam barreiras significativas no acesso ao transplante de células-tronco hematopoéticas alogênicas (allo-HCT), devido à preocupação com a fragilidade e as comorbidades associadas a essa faixa etária. No entanto, avanços médicos nas últimas duas décadas mudaram esse cenário.

A leucemia mieloide aguda (LMA) representa uma das formas mais desafiadoras de câncer de sangue, especialmente em pacientes mais idosos. No entanto, um estudo recente publicado na revista Clinical Cancer Research oferece novas perspectivas ao mostrar melhorias notáveis nos resultados após o transplante de células-tronco hematopoéticas alogênicas (allo-HCT) em pacientes idosos com LMA desde o início do século XXI.

O estudo, liderado pelo renomado pesquisador Ali Bazarbachi, da Universidade Americana de Beirute, no Líbano, analisou dados de mais de 7.000 pacientes com LMA submetidos a transplante de allo-HCT entre os anos 2000 e 2021. Os resultados revelaram uma tendência promissora: uma redução gradual e significativa na incidência de recidiva da doença e na mortalidade não relacionada à recidiva ao longo do tempo.

Entre os principais achados, destacam-se:

  • A incidência cumulativa de recidiva em três anos (RI) diminuiu de 37% para 31% e, subsequentemente, para 30% ao longo dos três períodos de tempo estudados.
  • A mortalidade não relacionada à recidiva (NRM) também apresentou uma redução, passando de 31% para 27%.
  • A sobrevida livre de leucemia (LFS) e a sobrevida global (OS) aumentaram consistentemente ao longo do período de estudo, alcançando 44% e 49%, respectivamente, no último período avaliado.

Esses resultados indicam que os pacientes idosos com LMA têm uma chance significativamente maior de viver livre da doença e de sobreviver por mais tempo após o transplante de células-tronco. Além disso, esses efeitos foram observados independentemente do status da doença no momento do transplante, sugerindo que mesmo pacientes com doença ativa podem se beneficiar dessas terapias avançadas.

Essas melhorias nos resultados pós-transplante foram atribuídas a uma série de avanços médicos e técnicos ocorridos nas últimas duas décadas. O aprimoramento dos cuidados de suporte, o desenvolvimento de agentes anti-infecciosos mais eficazes e a melhoria na tipagem de antígeno leucocitário humano (HLA) – componente importante do sistema imunológico, essencial para a compatibilidade entre doador e receptor – foram alguns dos avanços fundamentais que contribuíram para tornar o transplante de allo-HCT uma opção mais segura e eficaz para pacientes idosos com LMA.

Além disso, os pesquisadores destacam que, embora as melhorias na incidência cumulativa de recidiva tenham sido mais significativas do que as na mortalidade não relacionada à recidiva, ambas desempenharam um papel crucial na melhoria geral dos resultados. Essa abordagem abrangente, que visa tanto a redução da recidiva da doença quanto a minimização das complicações relacionadas ao transplante, tem sido fundamental para o sucesso desses tratamentos avançados.

Esses resultados têm importantes implicações clínicas e destacam a necessidade de uma mudança de paradigma na abordagem terapêutica da LMA em pacientes idosos. O Dr. Bazarbachi enfatiza que, com esses avanços, o transplante de células-tronco não deve mais ser considerado uma opção apenas para os mais jovens, mas sim uma opção obrigatória para todos os pacientes, independentemente da idade.

Essa pesquisa oferece esperança para pacientes idosos com LMA e lança luz sobre o potencial promissor da medicina regenerativa e terapia celular no tratamento de doenças hematológicas graves. Com mais estudos e investimentos nessa área, podemos avançar ainda mais na busca por tratamentos eficazes e acessíveis para pacientes em todas as faixas etárias.

Referências:

Estudo publicado na revista Clinical Cancer Research: Improvements in Posttransplant Outcomes Over Two Decades in Older Patients with Acute Myeloid Leukemia in the EBMT ALWP Study

Artigo com comentários sobre o estudo: Study finds outcomes after stem cell transplant in elderly patients with AML have improved since 2000 

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