Aprovação de um novo tratamento contra a Doença de Alzheimer baseado em células-tronco

Em um possível avanço significativo para o tratamento da Doença de Alzheimer, o Ministério da Saúde e Bem-Estar do Japão deu sinal verde para uma tecnologia de medicina regenerativa baseada na administração de células-tronco mesenquimais derivadas de gordura.

A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa progressiva que se caracteriza pela perda gradual da função cognitiva, principalmente da memória. Há mais de 10 milhões de novos casos de demência a cada ano em todo o mundo e estima-se que mais de 55 milhões de pessoas no planeta vivem com demência, sendo que a DA é a causa mais comum, respondendo por até 70% dos casos. 

A doença geralmente se manifesta em pessoas com mais de 65 anos, mas, em casos raros, pode acontecer em idades mais jovens. O declínio cognitivo na DA é progressivo, começando com lapsos de memória leves e progredindo para dificuldades mais graves em áreas como linguagem, pensamento, planejamento e execução de tarefas. 

Esta condição neurodegenerativa, caracterizada pela progressiva perda de memória e função cognitiva, não só afeta profundamente os indivíduos diagnosticados, mas também coloca uma carga significativa sobre suas famílias e cuidadores. Atualmente não há cura para a doença, mas somente tratamentos que visam desacelerar sua progressão. No entanto, há uma nova esperança no horizonte com o avanço da medicina regenerativa e terapia celular.

A terapia com células-tronco mesenquimais (CTMs) para a DA ainda está em fase de pesquisa, mas os mecanismos propostos para sua ação terapêutica são promissores. As CTMs são células indiferenciadas com capacidade de se multiplicar e se diferenciar em diversos tipos de células, incluindo células do sistema nervoso. No contexto da DA, as CTMs podem atuar de diferentes maneiras:

1. Modulação da resposta inflamatória: A DA possui um componente de inflamação crônica no cérebro. As CTMs podem reduzir essa inflamação através da secreção de moléculas anti-inflamatórias, o que pode ajudar a proteger os neurônios e reduzir a progressão da doença.

2. Remoção de placas amiloides: As placas amiloides são um dos principais componentes da DA. As CTMs podem ajudar a remover essas placas através da fagocitose, um processo pelo qual as células englobam e digerem partículas estranhas ao organismo. As CTMs aceleram o acúmulo de células denominadas microglias em volta das placas e estas células promovem a fagocitose. 

3. Estimulação da neurogênese: As CTMs podem estimular a produção de novos neurônios no cérebro, um processo conhecido como neurogênese. Isso pode ajudar a compensar a perda de neurônios que ocorre na DA e melhorar a função cognitiva.

4. Proteção dos neurônios: As CTMs podem secretar moléculas que protegem os neurônios do estresse oxidativo e de outros danos. Isso pode ajudar a preservar a função neuronal e retardar a progressão da DA.

5. Melhora da função vascular: As CTMs podem promover angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) e, assim, melhorar o fluxo sanguíneo no cérebro, o que pode fornecer mais oxigênio e nutrientes aos neurônios. Isso pode ajudar a melhorar a função cognitiva e retardar a progressão da DA.

O avanço mais recente com relação à terapia celular para DA vem do Japão, onde o Ministério da Saúde e Bem-Estar aprovou uma nova abordagem baseada em CTMs. Desenvolvida pelo principal instituto de pesquisa de células-tronco adultas da Coreia, o Instituto de Pesquisa de Células-tronco Biostar, esta terapia inovadora envolve a administração intravenosa de 150-250 milhões de CTMs derivadas de gordura, juntamente com a injeção de 50 milhões destas células na cavidade da medula espinhal. Essa técnica é realizada cinco vezes, em intervalos de duas a quatro semanas, oferecendo uma abordagem multifacetada para combater a doença.

Testes em camundongos revelaram que os animais que receberam o tratamento com células-tronco apresentaram melhora em diferentes frentes – a regeneração vascular cerebral, a imunomodulação e a proteção e regeneração das células cerebrais foram observadas após o tratamento.

O tratamento já está em andamento na Clínica Shinjuku, em Tóquio, e oferece uma nova esperança para aqueles que sofrem com a DA. Além de oferecer a possibilidade de restaurar a memória e a função cognitiva, espera-se que essa terapia com células-tronco abra caminho para uma abordagem mais eficaz para o tratamento dessa condição devastadora. Com o potencial de oferecer não apenas uma desaceleração na progressão da doença, mas também uma cura funcional, esse avanço marca um momento empolgante na busca por soluções para o tratamento da Doença de Alzheimer.

Referências:

Artigo sobre a aprovação de nova terapia baseada em células-tronco para o tratamento da Doença de Alzheimer: https://www.proactiveinvestors.com/companies/news/1038860/japan-approves-new-stem-cell-based-alzheimer-s-therapy-1038860.html 

Site da Organização Mundial da Saúde com dados sobre a Doença de Alzheimer: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia 

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