Notice: Undefined index: credential in /var/www/app/inc/controller/site_controller.php on line 44
Terapia com Células-Tronco para osteoartrite do joelho: estudo revela resultados promissores

Terapia com Células-Tronco para osteoartrite do joelho: estudo revela resultados promissores

21 de Novembro de 2023 - Escrito por Yasmin Rana de Miranda

Um estudo inovador conduzido na França explorou o uso de células-tronco mesenquimais (CTMs) derivadas da medula óssea para tratar a osteoartrite bilateral do joelho, buscando adiar ou evitar a artroplastia total de joelho (ATJ). O ensaio clínico envolveu 140 adultos, com idades entre 65 e 90 anos, e revelou resultados promissores ao longo de um período médio de 15 anos. A terapia com CTMs mostrou uma regressão significativa das lesões na medula óssea subcondral, e apenas 18% dos pacientes precisaram de ATJ no joelho tratado com células. Houve também redução significativa da dor. Embora sejam necessárias mais pesquisas para validar esses resultados, a terapia com CTMs surge como uma alternativa eficaz e menos invasiva para pacientes com osteoartrite bilateral do joelho, oferecendo esperança na melhoria da qualidade de vida e mobilidade.




A medula óssea subcondral refere-se à camada de tecido localizada logo abaixo da cartilagem articular. Em condições normais, ela ajuda a manter a saúde e a integridade da cartilagem, fornecendo nutrientes essenciais e contribuindo para a absorção de choque nas articulações. No entanto, em certas condições médicas, como a osteoartrite, essa camada do osso pode sofrer alterações, como o desenvolvimento de lesões, o que pode estar relacionado a sintomas de dor e inflamação nas articulações. Portanto, a saúde da medula óssea subcondral é importante para a saúde geral das articulações.



A osteoartrite do joelho é uma condição dolorosa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente a população idosa, e a substituição total do joelho por prótese (artroplastia) tem sido uma opção de tratamento comum. Entretanto, esse tipo de tratamento apresenta limitações como risco cirúrgico, longo processo de recuperação pós-cirurgia e vida útil limitada da prótese necessitando, eventualmente, de uma cirurgia de revisão.



Recentemente, as células-tronco mesenquimais (CTMs) emergiram como um possível divisor de águas no campo da medicina regenerativa para a osteoartrite, devido a suas propriedades regenerativas e anti-inflamatórias, que podem oferecer benefícios potenciais no alívio da dor e na melhoria da função articular. Em 2020 foi publicado um estudo inovador na revista International Orthopaedics conduzido por Phillippe Hernigou e colaboradores, na França. Este estudo investigou o uso da terapia com CTMs, derivadas de concentrado de medula óssea da crista ilíaca, para adiar ou até mesmo evitar a artroplastia total de joelho (ATJ) em pacientes que sofrem de osteoartrite nos dois joelhos (bilateral).



O estudo envolveu 140 adultos, com idades entre 65 e 90 anos, que apresentavam dor comparável em ambos os joelhos e planejavam passar por ATJ para tratar a osteoartrite. Este estudo apresentou um grupo de controle para avaliar os resultados da terapia com células, já que em cada paciente, um joelho foi tratado com as CTMs e o outro joelho, não tratado com células, passou por uma ATJ. A avaliação estava programada para três meses, seis meses, um ano e, posteriormente, anualmente. Os resultados foram avaliados ao longo de um período médio de 15 anos e foram bastante promissores. Após a injeção das CTMs houve uma regressão significativa das lesões. Ao longo do período de acompanhamento de 15 anos, apenas 18% dos pacientes precisaram de ATJ no joelho que recebeu terapia celular. Esse resultado foi equivalente ao risco de revisão de artroplastia primária realizada no outro joelho. As análises demonstraram que as lesões na medula óssea subcondral persistentes maiores que 3 cm³ após a terapia celular configuraram um forte fator de risco para a necessidade futura de artroplastia total do joelho. Outros fatores de risco incluíram mal alinhamento do joelho e pacientes que apresentavam a osteoartrite em idades mais jovens.



Mais da metade da população (74 pacientes) preferiu o joelho tratado com CTMs, apesar de não haver melhora na amplitude de movimento. Essa preferência estava relacionada a uma melhora mais significativa na dor. Assim, este estudo revelou que a terapia com CTMs derivadas da medula óssea, em comparação com a ATJ, teve um efeito significativo na redução da dor em pacientes com osteoartrite bilateral do joelho, configurando-se como uma alternativa eficaz. Além disso, as mudanças no volume da cartilagem ao longo do tempo foram medidas nos joelhos submetidos à terapia com células. O percentual do volume da cartilagem, medido por ressonância magnética, aumentou em média 2,3% (com variação de ± 1,1% em 2 anos) em comparação com o início do estudo. É importante notar que esse tecido aumentado corresponde a fibrocartilagem, o que sugere benefícios duradouros, uma vez que esse tipo de tecido promove suporte de tecidos moles, reveste superfícies articulares, onde absorve choques, e facilita o deslizamento dos ossos na articulação. Os efeitos positivos observados com a injeção subcondral provavelmente estão relacionados ao fato de que as células transplantadas se tornam residentes duradouras no osso.


 

Em conclusão, este estudo mostrou que o transplante de CTMs na medula óssea subcondral, em comparação com a ATJ, teve um efeito suficiente sobre a dor para se adiar ou evitar essa cirurgia. Embora seja necessário realizar mais pesquisas para validar esses resultados, a terapia com CTMs representa um avanço significativo na busca por tratamentos mais eficazes e menos invasivos para a osteoartrite do joelho. Isso oferece esperança aos pacientes que desejam evitar ou adiar a ATJ, melhorando sua qualidade de vida e mobilidade.



Referências:



Ensaio clínico citado no artigo: 


Human bone marrow mesenchymal stem cell injection in subchondral lesions of knee osteoarthritis: a prospective randomized study versus contralateral arthroplasty at a mean fifteen year follow-up | SpringerLink