Aprovação de um novo tratamento contra a Doença de Alzheimer baseado em células-tronco
22 de Fevereiro de 2024 -Escrito por Yasmin Rana de MirandaEm um possível avanço significativo para o tratamento da Doença de Alzheimer, o Ministério da Saúde e Bem-Estar do Japão deu sinal verde para uma tecnologia de medicina regenerativa baseada na administração de células-tronco mesenquimais derivadas de gordura.
A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa progressiva que se caracteriza pela perda gradual da função cognitiva, principalmente da memória. Há mais de 10 milhões de novos casos de demência a cada ano em todo o mundo e estima-se que mais de 55 milhões de pessoas no planeta vivem com demência, sendo que a DA é a causa mais comum, respondendo por até 70% dos casos.
A doença geralmente se manifesta em pessoas com mais de 65 anos, mas, em casos raros, pode acontecer em idades mais jovens. O declínio cognitivo na DA é progressivo, começando com lapsos de memória leves e progredindo para dificuldades mais graves em áreas como linguagem, pensamento, planejamento e execução de tarefas.
Esta condição neurodegenerativa, caracterizada pela progressiva perda de memória e função cognitiva, não só afeta profundamente os indivíduos diagnosticados, mas também coloca uma carga significativa sobre suas famílias e cuidadores. Atualmente não há cura para a doença, mas somente tratamentos que visam desacelerar sua progressão. No entanto, há uma nova esperança no horizonte com o avanço da medicina regenerativa e terapia celular.
A terapia com células-tronco mesenquimais (CTMs) para a DA ainda está em fase de pesquisa, mas os mecanismos propostos para sua ação terapêutica são promissores. As CTMs são células indiferenciadas com capacidade de se multiplicar e se diferenciar em diversos tipos de células, incluindo células do sistema nervoso. No contexto da DA, as CTMs podem atuar de diferentes maneiras:
1. Modulação da resposta inflamatória: A DA possui um componente de inflamação crônica no cérebro. As CTMs podem reduzir essa inflamação através da secreção de moléculas anti-inflamatórias, o que pode ajudar a proteger os neurônios e reduzir a progressão da doença.
2. Remoção de placas amiloides: As placas amiloides são um dos principais componentes da DA. As CTMs podem ajudar a remover essas placas através da fagocitose, um processo pelo qual as células englobam e digerem partículas estranhas ao organismo. As CTMs aceleram o acúmulo de células denominadas microglias em volta das placas e estas células promovem a fagocitose.
3. Estimulação da neurogênese: As CTMs podem estimular a produção de novos neurônios no cérebro, um processo conhecido como neurogênese. Isso pode ajudar a compensar a perda de neurônios que ocorre na DA e melhorar a função cognitiva.
4. Proteção dos neurônios: As CTMs podem secretar moléculas que protegem os neurônios do estresse oxidativo e de outros danos. Isso pode ajudar a preservar a função neuronal e retardar a progressão da DA.
5. Melhora da função vascular: As CTMs podem promover angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) e, assim, melhorar o fluxo sanguíneo no cérebro, o que pode fornecer mais oxigênio e nutrientes aos neurônios. Isso pode ajudar a melhorar a função cognitiva e retardar a progressão da DA.
O avanço mais recente com relação à terapia celular para DA vem do Japão, onde o Ministério da Saúde e Bem-Estar aprovou uma nova abordagem baseada em CTMs. Desenvolvida pelo principal instituto de pesquisa de células-tronco adultas da Coreia, o Instituto de Pesquisa de Células-tronco Biostar, esta terapia inovadora envolve a administração intravenosa de 150-250 milhões de CTMs derivadas de gordura, juntamente com a injeção de 50 milhões destas células na cavidade da medula espinhal. Essa técnica é realizada cinco vezes, em intervalos de duas a quatro semanas, oferecendo uma abordagem multifacetada para combater a doença.
Testes em camundongos revelaram que os animais que receberam o tratamento com células-tronco apresentaram melhora em diferentes frentes - a regeneração vascular cerebral, a imunomodulação e a proteção e regeneração das células cerebrais foram observadas após o tratamento.
O tratamento já está em andamento na Clínica Shinjuku, em Tóquio, e oferece uma nova esperança para aqueles que sofrem com a DA. Além de oferecer a possibilidade de restaurar a memória e a função cognitiva, espera-se que essa terapia com células-tronco abra caminho para uma abordagem mais eficaz para o tratamento dessa condição devastadora. Com o potencial de oferecer não apenas uma desaceleração na progressão da doença, mas também uma cura funcional, esse avanço marca um momento empolgante na busca por soluções para o tratamento da Doença de Alzheimer.
Referências:
Artigo sobre a aprovação de nova terapia baseada em células-tronco para o tratamento da Doença de Alzheimer:
Site da Organização Mundial da Saúde com dados sobre a Doença de Alzheimer: