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Terapias celulares e avanços tecnológicos: novas esperanças no tratamento da sepse

Terapias celulares e avanços tecnológicos: novas esperanças no tratamento da sepse

04 de Junho de 2024 - Escrito por Yasmin Rana de Miranda

A sepse é uma condição médica grave que resulta de uma resposta desregulada do organismo a uma infecção, podendo levar à falência de múltiplos órgãos e morte. As terapias celulares, especialmente com células-tronco mesenquimais e células imunes geneticamente modificadas, têm mostrado resultados promissores no tratamento desta condição. Avanços em tecnologias de sequenciamento e edição gênica podem levar a terapias mais eficazes e personalizadas, revolucionando o tratamento da sepse



A sepse é uma condição médica grave caracterizada por uma resposta desregulada do organismo a uma infecção, que pode levar à falência de múltiplos órgãos e morte. Esta condição afeta aproximadamente 49 milhões de indivíduos em todo o mundo anualmente. Com uma alta taxa de mortalidade, ela representa um grande desafio para a saúde pública global.


Atualmente o tratamento da sepse é baseado em terapias que se concentram na recuperação do paciente através da administração de fluidos, administração oportuna de antibióticos, estabilização da função cardiovascular e do fluxo sanguíneo, e cuidados de suporte para prevenir falhas nos órgãos. No entanto, a eficácia dessas abordagens é limitada, desta maneira, torna-se necessário o desenvolvimento de alternativas terapêuticas.


As terapias celulares têm emergido como uma abordagem promissora para tratar a sepse, focando na modulação da resposta imunológica e na reparação de danos aos órgãos vitais. Entre as diversas formas de imunoterapia celular, as terapias baseadas em células-tronco mesenquimais (CTMs) e células imunes geneticamente modificadas têm mostrado resultados promissores.


As CTMs possuem propriedades imunomoduladoras significativas, o que as torna candidatas ideais para o tratamento da sepse. Elas podem ser isoladas de várias fontes, como medula óssea, tecido adiposo e cordão umbilical. As CTMs ajudam a reduzir a inflamação, modulando a produção de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias, e promovem a reparação tecidual.


Uma revisão bibliográfica publicada na revista Chinese Medical Journal em abril de 2024 mostrou que estudos pré-clínicos e clínicos demonstram que as CTMs podem melhorar a função dos órgãos e aumentar a taxa de sobrevivência em modelos animais de sepse. Além disso, as CTMs podem ser administradas de várias formas, incluindo injeção intravenosa e administração traqueal, o que facilita a reparação de células epiteliais alveolares e melhora a função pulmonar.


Os estudos com CTMs avançaram para ensaios clínicos de fase II, refletindo o crescente interesse no potencial terapêutico dessas células. Investigações futuras podem se concentrar na determinação da dosagem ideal, rotas de administração e métodos de armazenamento para maximizar a eficácia e segurança do tratamento.


Outra abordagem promissora é o uso de células imunes modificadas geneticamente, como as terapias com receptor de antígeno quimérico (CAR). Estas células são reprogramadas para atacar patógenos específicos ou células danificadas no corpo. Por exemplo, a terapia CAR-T, amplamente utilizada no tratamento de câncer, está sendo adaptada para combater a sepse.


Macrófagos geneticamente modificados são um exemplo de como as células imunes podem ser reprogramadas para combater a sepse. Estes macrófagos podem ser direcionados para os locais de infecção e inflamação, promovendo a fagocitose de patógenos e a reparação tecidual.


Embora as terapias celulares ofereçam uma nova esperança no tratamento da sepse, existem desafios a serem superados. A padronização dos protocolos de isolamento, expansão e administração das células, bem como a compreensão completa dos mecanismos de ação, são áreas que necessitam de mais pesquisas.


Os avanços na tecnologia de sequenciamento de célula única e edição gênica estão proporcionando uma compreensão mais profunda das respostas imunológicas específicas da doença, o que pode levar ao desenvolvimento de terapias mais eficazes e personalizadas.


As imunoterapias celulares representam uma nova fronteira no tratamento da sepse, com o potencial de revolucionar a maneira como esta condição devastadora é tratada. Com mais pesquisas e ensaios clínicos, espera-se que essas terapias possam ser integradas aos protocolos de tratamento, oferecendo melhores resultados para os pacientes.



Referências:


Artigo comentando sobre a revisão citada: 

Review explores cell-based immunotherapies for sepsis (medicalxpress.com)


Artigo de revisão bibliográfica citado: 

https://journals.lww.com/cmj/fulltext/2024/07050/advancing_cell_based_therapy_in_sepsis__an.4.aspx